domingo, 5 de dezembro de 2010

A Náusea


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"(...) Isso parece inevitável, tão forte é a necessidade dessa música: nada pode interrompê-la, nada que venha desse tempo no qual o mundo despencou; ela cessará por si mesma no momento exato. Se amo essa bela voz é sobretudo por isso: não é nem por seu volume, nem por sua tristeza; é porque ela é o acontecimento que tantas notas preparam, de tão longe, morrendo pra que ela possa nascer. E no entando estou intranquilo; bastaria muito pouco para que o disco parasse: uma mola que se quebre, um capricho do primo Adolpe. Como é estranho, como é comovedor que essa rigidez seja tão frágil. Nada pode interrompê-la e tudo pode aniquilá-la.

Extinguiu-se o último acorde. No breve silêncio que segue, sinto intenssamente que houve algo, que alguma coisa aconteceu.

Silêncio"


J.P.S

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