quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quem pensa o pensamento cristão?


Não gosto de debater religião, política é minha paixão e meu internacional é sempre campeão... Mas ontem estava lendo, em um blog desses quaisquer (como este) a história de Maria da Conceição Bueno (1854-1893), considerada uma entidade de luz pelo espiritismo e, também venerada nos centros de umbanda.

Em síntese, tratava-se de uma mulher casada com um policial. Certo dia, ela quis sair para dançar, dia este em que seu marido estaria de plantão no quartel da polícia para qual trabalhava.

Maria, então, após uma longa discussão, resolve ir ao baile sozinha. Ele, por sua vez, inconformado resolve, na saída do baile, encurralar-lhe em um beco, degolando-a (quase decaptando-a na verdade) e navalhando suas mãos.

Outra versão da história atribui sua morte, também efetivada por seu marido, em razão dela ter reagido a uma tentativa de estupro do referido.

Enfim, o que me chamou a atenção foram os comentários que seguiram no blog qual estava lendo, relacionados a sua história, a grande maioria deles no sentido de questionar “o que essa mulher teria feito de grandioso para ser considerada ou venerada”.

É perceptível o emburrecimento causado pela dogmática católica cristão e profundamente enraizado nos juízos de valeres morais de nossa sociedade. Benfeitorias passíveis de santificação, admiração, comoção ou adoração, aos olhos da dogmática cristão, necessariamente precisam ser aqueles feitos que “até Deus dúvida”.

Os chamado milagres, a exemplo de andar sobre mares, curar doenças incuráveis com simples toques, transformar materiais fisicamente intransformáveis pela simples força de pensamento dentre tantos outros exemplos que contrariam o materialismo e, por vezes afrontam a própria liberdade de livre percepção da crença são, sim senhores! Os fidedignos exemplos únicos e exclusivos passíveis de admiração e louvação?

Uma mulher, brutalmente assassinada, vitima do paternalismo, do sexismo, da violência, dos preceitos morais de determinada época, enfim, sua trágica história de vida não pode servir para exemplo nenhum arrastar?

O adestramento religioso (católico cristão), emburrecedor, que ao longo da história vangloria as fábulas em detrimento das verdadeiras e reais histórias de vida (que deveriam pautar grandes debates e questionamentos acerca dos rumos da sociedade) obviamente tende tãosomente esmagar a pureza de uma verdadeira liberdade de crença! .

Quem pensa o pensamento cristão e qual é a sua real função? São as questões que ficam...