E a vida que se vive é a vida que se pode comprar. Entre tantos semblantes - indivíduos quaisquer - resplandece a diferença. Compra-se a vida e vende-se escancaradamente a morte, ainda que de forma lenta e velada. Ao desdém o amém-cansaço-diário de quem dificilmente apostaria em um porquê justificável da existência de um Deus.
E tão somente a existir, aos solavancos.
Quanto custa o gesto que no hábito de fazer sempre o mesmo desfaz-se em coreografia exaustivamente adestrada?
Quanto custa a forma em que se pode viver, a fôrma em que se pode caber?
Quanto precisaria não custar a vida que se vê obrigada a colocar-se à venda para quem tempo tem de comprar tempo alheio?
Quantas mãos a obrar para a construção de um efêmero e descartável caminhar?
Quanto a vida ainda deve nada custar?
___________________________
Por Sócrates Fusinato - coordenador do grupo de pesquisa em Direitos Humanos e professor do curso de Direito da Universidade do Contestado - Campus de Caçador - SC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário