domingo, 31 de janeiro de 2010

Dois...



Apenas dois.

Dois seres...

Dois objetos patéticos.

Cursos paralelos Frente a frente...

...Sempre...

...A se olharem...

Pensar talvez:

“Paralelos que se encontram no infinito...”

No entanto sós por enquanto.

Eternamente dois apenas.


Neruda

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Diálagos

- Lembra-se do trecho de Sinome, que em algumas confidências nos foi palco de profundas analises, qual seja:
“Dois seres que se amam profundamente não precisam de outras justificações para amar a vida. Bastam-se, não precisam de nada nem de ninguém. O amor autêntico, que pode ser preservado apesar da passagem dos anos, dá à vida todo o sentido, toda a sua razão de ser. Não é a única forma de dar razão à existência (o compromisso social, o sentimento de fazer progredir o mundo em que vivemos, a amizade, etc., também podem construir este sentido), mas pode ser a mais bela razão de viver que existe.O que me entristece é que o casal permaneça unido pelo hábito, pela pressão social... Logo que dois seres se sentem ligados não tanto por se amarem, o que era libertação e plenitude transforma-se em angústia e prisão. Sartre e eu nunca vivemos juntos e sempre considerámos ser livres de correntes que nos prendessem um ao outro. Se permanecemos unidos toda a vida, foi porque nos amámos profundamente e porque, livremente, sempre tivemos vontade de estar um com o outro. E isso é a coisa mais bela que pode acontecer a um ser humano. O amor dá força e coragem para enfrentar o mundo e a vida, a dois e não a um só. É muito!"
- Sim, pois hoje, depois que nos despedimos, revi a tua mensagem, com o trecho de Simone de Beauvoir sobre a relação dela com o amor, com a vida e com o seu parceiro e companheiro Sartre. Como ela diz "o amor dá força e coragem para enfrentar o mundo e a vida, a dois e não a um só. É muito". Por isso buscamos sempre o amor, mas o amor que não signifique outra coisa que não seja partilha, companheirismo, ideais e sonhos que ajudam a caminhar e continuar a vida. Talvez a vida de Simone e Sartre tenha sido a tentativa mais profunda de construir essa caminhada da forma mais livre e completa. Inauguraram uma nova maneira de amar, construíram um escudo para protegerem o laço entre eles, firmando uma cumplicidade inegável onde não haveria traição, pois tudo seria compartilhado. Seriam leais, parceiros, amigos, amantes. Uma história como poucas, no qual o amor adquire o sentido mais profundo que se possa conhecer. Simone e Sartre somente comprovaram o que é possível quando o amor é sinônimo de caminhar junto no mesmo sentido.
- "CAMINHAR JUNTO NO MESMO SENTIDO..."
De fato, superar a pose e todos os preceitos morais da vida em sociedade, para atingir a evolução necessária, onde o amor, apresente-se como sentimento puro, bom e nato, que desenvolve aos amantes à amizade e incondicionalidade de confidências.
Mas e se falarmos da possíbilidades, eu te afirmo que é uma possíbilidade em que precisamos acreditar! mas também, que precisa ser construída dia-a-dia... da mesma forma que acreditamos e tentamos construir , apesar das inúmeras evidencias em contrário, esse outro mundo possível. Quem tem capacidade de buscar esse sonho de uma outra sociedade, tem que ser capaz de construir também uma outra relação a dois, cuja premissa seja o compartilhar e o caminhar junto no mesmo sentido.
- Se compreendermos as relações entre as pessoas como construções histórico-culturais em contextos determinados não podemos dizer que algo é impossível quando construído por duas pessoas que resolvem concretizá-lo. A história da relação de Sartre e Simone surpreende por ser algo a frente do tempo em que viveram e talvez ainda sejam, nesse nosso tempo marcado por hipocrisias, falsidades, e mercantilização das relações. Entretanto, como disse Marx se o homem/mulher são construídos pela circunstâncias, é necessário construir as circunstâncias humanamente, ou seja, pelo homem/mulher como sujeitos livres. Foi o que Sarte e Simone fizeram, romperam com as circunstâncias culturais e ideológicas do seu tempo e buscaram construir sua própria circunstância. O fato de terem vivido esse amor por 50 anos pode ser um sinal de que a aposta que fizeram nessa possibilidade teve resultados significativos em suas vidas.Por isso, mesmo com o "senso comum" e a ideologia dominate que encerra todas as relações em um modelo único, acredito sim que duas pessoas possam buscar um relacionamento a dois a partir de outras premissas, basta que isto seja realizado a partir de um sentimento de amor verdadeiro, o que pressupõe superar a visão do outro como uma mercadoria cuja posse é o único contrato possível. Superar a mercantilização das relações pessoais já é um passo importante para superar essa sociabilidade que transforma pessoas em objeto.


- e segue....