terça-feira, 29 de junho de 2010

Ficha limpa da ditadura

A anistia decretada pela ditadura tentou limpar tudo, igualar tudo – torturadores e torturados. A forma como se deu a transição da ditadura à democracia permitiu que políticos que estiveram vinculados à ditadura, aparecessem como convertidos à democracia.Porém nunca esqueceremos que o golpe militar rompeu o processo democrático brasileiro, depôs um presidente que havia sido eleito vice-presidente, tinha assumido a presidência com a renúncia de quem tinha sido eleito para este posto, aceitando inclusive recortar seus poderes, com a imposição do parlamentarismo. Posteriormente, João Goulart convocou um referendo sobre a forma de governo e venceu, democraticamente, o retorno do presidencialismo.Esse presidente, legítimo e legalmente presidente, foi derrubado por um movimento militar golpista, que terminou com a democracia e impôs uma ditadura ao país. Se valeram dos recursos públicos para reprimir ao povo e a tudo o que tivesse que ver com democracia: organizações populares, Parlamento, Judiciário, partidos, movimentos culturais, imprensa popular. Contaram com o apoio e o beneplácito da imprensa, do governo dos EUA, de boa parte da elite política, do grande empresariado e suas associações. Prenderam arbitrariamente, torturaram, assassinaram a milhares de brasileiros, os condenaram sem processos, promoveram um regime do terror.A volta à democracia foi tutelada pelos próprios militares que haviam dado o golpe e imposto a ditadura. Decretaram uma anistia que os poupasse de pagar pelos crimes que tinham cometido, assim como seus beneficiários – que se enriqueceram com o arrocho salarial, a intervenção nos sindicatos, a política econômica favorável aos grandes monopólios daqui e de fora.Está bem o Ficha Limpa da corrupção. Mas por que não o Ficha Limpa da ditadura? Por que não impugnar todos os que participaram da ditadura, a apoiaram, se beneficiaram dela, foram políticos do regime, ocuparam cargos, foram governadores, prefeitos biônicos? Todos foram cúmplices, por ação ou por inação do episódio mais brutal da vida política brasileira.Muitos deles ainda andam por ai. Façamos uma lista dos que foram políticos da ditadura e impunemente andam por ai, querendo definir quem é democrático e quem não é, quando eles foram, de corpo e alma, adeptos da ditadura e nunca fizeram autocrítica do seu passado.Só para começar, me recordo de alguns deles:
Marco Maciel
José Sarney
José Agripino
Jorge Bornhausen
Romeu Tuma
Paulo Maluf
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Por Emir Sader,
Fonte: blog do Emir - Carta Maior

Cena política deixa Serra sem lugar de novo, diz pesquisador


Por Juliana Dal Piva
Redação Terra

O homem errado na situação errada. É assim que o professor Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisa e Pós-graduação do Rio de Janeiro (Iupperj), ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), analisa o desafio enfrentado pelo candidato do PSDB, José Serra, na corrida pela presidência da República. "O jogo político colocou-o fora de lugar duas vezes. Esse é o principal problema dos tucanos", analisou Figueiredo.
De acordo com ele, em 2002, a população queria uma mudança, tanto que o tucano embalou sua campanha com o jingle "A mudança é azul". Mas como foi ministro da Saúde do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estava ligado demais a um governo com pouco apoio da população - em pesquisa do Datafolha, em outubro de 2002, apenas 26% dos entrevistados consideravam o governo de FHC "ótimo ou bom" e 32% o consideravam "ruim ou péssimo".
Hoje, o momento é outro, aponta Figueiredo, e os brasileiros dão sinais de que querem continuidade. Em consulta feita pelo Ibope neste mês, além da candidata do PT, Dilma Rousseff, aparecer na frente com quase seis pontos percentuais de vantagem (Dilma teria 38,2% das intenções contra 32,3% de Serra), Lula tem índice recorde de popularidade - cerca de 75% das pessoas consultadas consideram o governo "bom ou ótimo" e apenas 3% avaliam como "ruim ou péssimo".
Com base aos números, Figueiredo lança a questão: "O que Serra vai fazer? Vai dar continuidade ao governo Lula? Porque se ele falar em mudança, ele vai quebrar a cara. Agora, o que se pensa é 'como é que ele vai dar continuidade se ele é da oposição?'"
Para tornar a situação ainda mais difícil, Marcus Figueiredo avalia a possível entrada do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como vice na chapa de Serra como "um desastre" que, eleitoralmente, não acrescenta nada. "Ele não vai ficar nem melhor nem pior no Paraná por causa do vice", afirma o pesquisador. "Ele já teve boa votação no Sul em 2002, e o Alckmin teve excelente votação no corredor agrícola que vai desde São Paulo até Rondônia, mas isso não é suficiente para encarar o resto do País. Vai ficar uma chapa São Paulo-Sul contra o resto do Brasil".
(...)
Para o economista Andre Singer, o PSDB não foi capaz de transformar a adesão do eleitorado da reeleição do FHC em lealdade política e, agora, Serra tenta se aproximar dessas pessoas ao criticar a política de segurança do atual governo. "Com a questão da segurança, ele faz uma tentativa de falar com os eleitores de baixa renda das metrópoles, mas não resolve o caso do interior do nordeste", afirma o estudioso. "Pode ser que em Salvador ou Recife tenha algum eco. Mas acho que emprego, renda e abertura de novas oportunidades vão falar mais alto".
Marcus Figueiredo acredita que a desvalorização do real, logo após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, decepcionou os eleitores. "O FHC tinha acabado de sair de uma campanha prometendo estabilidade, aí veio a crise e pegou o Banco Central e deu aquela confusão", relembra ele. "A aprovação do governo que antes era de 40% foi para 20% e nunca mais se recuperou. O Serra terminou o segundo turno da eleição de 2002 com 38%, e acho que esse é o tamanho do eleitorado conservador, é o que ele tinha e mantém", diz o pesquisador.
Falta discutir o projetoOutro problema apontado por Figueiredo na campanha tucana à presidência é a posição agressiva. Para o professor, Serra, no lançamento da candidatura, acabou engrossando um discurso neoudenista, semelhante ao da antiga UDN na oposição ao varguismo. "Eles estão fazendo uma campanha 'moralesca' porque ficam dizendo que o PT é o diabo e eles são santos". Figueiredo concluiu dizendo que o PSDB ainda precisa expor qual é o seu projeto para o País. "Não tem político santo e não se trata de uma questão de deixar para lá (questões como as denúncias de corrupção), mas é que até agora não sabemos qual é o projeto dos tucanos para o Brasil", aponta. "O projeto Lula a gente sabe, porque está acontecendo".
O pesquisador do Iupperj, no entanto, lamenta a situação de Serra. "Ele é um extraordinário político da história do Brasil, isso é uma pena. Mas ele fica refém da hegemonia conservadora do PSDB. Ainda mais, sendo obrigado a fazer aliança com o DEM." Para Figueiredo, o partido teria mais chance com Aécio Neves na disputa da presidência. "Se o Aécio fosse candidato, a conversa seria totalmente diferente porque você teria uma extraordinária novidade. Quando você entra com um personagem novo, não responsável por aquele passado, não tem como relacionar e dizer que vai fazer aquilo que o FHC fez."

terça-feira, 1 de junho de 2010

Orna em Poesias



"Eu, o vento, que sou calmo e violento, sou vendaval e brisa que a mercê da vida, às vezes sou conforto, às vezes incômodo. Às vezes paz, às vezes caos. Eu, o vento, que sou incolor e frio, sou calor e sangue, que a mercê da vida, às vezes sou dor, às vezes rotina. As vezes sou morte, às vezes vida. Eu, o vento, que sou órfão e só, sou carinho e carente, que a mercê da vida, às vezes sou colheita, às vezes plantio. Às vezes sou notado, às vezes esquecido. Eu, o vento, que sou força e anemia, sou opressor e vítima, que a mercê da vida, às vezes sou vento, simplesmente."
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Mário Nhardes